segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Alta Fidelidade


Em mais uma madrugada acordado, descubro que iria passar o filme Alta Fidelidade no Corujão da Globo. Eu não via esse filme a muito tempo, e é um dos meus favoritos.

Sinopse e crítica que achei por aí. Mas muito boa.

"Baseado no cultuado livro de Nick Hornby , o filme mostra um Rob Gordon (John Cusack) melancólico, dono de uma loja de discos, falando com a câmera, pois Laura (Iben Hjejle), a namorada, está deixando-o naquele momento. Rob faz um top 5 das suas maiores dores de cotovelo, e deixa Laura de fora, só de birra. Na verdade, ainda é cedo. Como ela acabou de sair, a raiva ainda é maior que a tristeza.

O filme segue e todos os personagens vão criando top 5 dos mais variados temas.

Nick Hornby também foi o responsável pelo surgimento da tal literatura pop do novo milênio, que nada mais é do que uma literatura de linguagem jovem e repleta de referências moderninhas - o mundo dos blogueiros. Os top 5 de Rob viraram mania em blogs e comunidades do Orkut. De repente todo mundo que sempre fez rankings de filmes e músicas ficou na moda. Ser nerd virou pop, e ser pop virou cool. Hornby e Cusack estiveram na hora certa e no lugar certo, aproveitando todo o boom pop que a internet proliferou no mundo.

Iben Hjejle, uma atriz desconhecida que nem é tão boa ou bonita assim, sofre com o papel de "vilã" da história. Entre aspas, você entendeu. É ela que está chutando Rob, então é a vilã. Nós somos identificados como amigos confidentes de Rob, e amigos nem sempre têm a liberdade de julgar o gosto do outro para mulheres, mas nesse caso, sim. E só vendo para entender.

Daí, o filme mostra muito bem as traumáticas devoluções de objetos pessoais e outros traumas de separação, que são abrilhantados por diálogos sempre geniais saídos das páginas de Nick Hornby, como a análise das calcinhas do dia-a-dia. Muito boa.

É quando Laura entra no top 5 com honras e nós começamos a compreender porque ela era tão adorável. Um flashback mostra como eles se conheceram: Rob era DJ e gravou uma fita para ela. Ajuda muito uma declaração de amor sincera como esta. O top 5 das coisas que Rob sente falta nela reforça o sentimento, e vem na forma de um monólogo comovente de Cusack diante da câmera. Mais uma declaração simples e sincera, daquelas que não vemos no cinema todo dia. Não é sentimental e bobo, é simplesmente um homem explicando porque ama uma mulher. Laura também se mostra legal quando analisa o top 5 dos empregos ideais de Rob, e o convence de que ter uma loja de discos merece uma posição. O filme faz você acompanhar gradualmente o sentimento de Rob pós-rompimento, passando da raiva para a tristeza e para a saudade e para a constatação de que o amor ainda existe.

É aí que Rob decide ir atrás das top 5 e perguntar a cada uma das ex-namoradas o que ele fez de errado. O filme recebe uma visita especial: Bruce Springsteen aparece no quarto de Rob como uma entidade conselheira, apoiando sua atitude. Rob agradece, "thanks, Boss"
Quem já ouviu uma música e a compreendeu como um conselho de pé do ouvido vindo direto do artista, sabe bem o que essa cena representa.

Rob vai ao encontro de Laura, só para ouvir que ela já estava com outro. E veja, ele já esteve com outras, mas não consegue aceitar que Laura estaja. Não é machismo, é ciúme mesmo. É o fora definitivo. É quando a ficha cai de verdade, a tristeza finalmente supera a raiva e Rob sai para tomar chuva.

O ponto de virada que muda o rumo do filme na sua parte final é a morte do pai de Laura. No velório, Rob entra na fila para dizer "eu sinto muito" a ela, mas já sem pretensões, com um ar cansado, porém sincero. Rob apenas diz isso e sai na chuva mais uma vez, desta vez ao som de "Most of the Time" do Bob Dylan, numa das mais belas cenas de fossa da história do cinema. Pense em todas as comédias românticas que apelam para baladinhas de Snow Patrol e Coldplay para emocionar no tradicional clipezinho de fossa, e você vai ver que "Alta Fidelidade" está muitos níveis acima. Sofrer na chuva com Bob Dylan é sofrer com dignidade. Sozinho debaixo d'água, ele assume seus erros, sua falta de comprometimento, sua covardia. Ela vai atrás dele, eles transam no carro e reatam o namoro. Tudo muito simples, sem grandes arrombos românticos. Ela diz "estou cansada demais pra não ficar com você" e de repente todo o sofrimento anterior se transforma em tempestade em copo d'água como, no geral, é mesmo. Mais uma vez, prevalece a elegância do diretor Stephen Frears na cena e a sobriedade do roteiro.

O último desafio para Rob Gordon surge na figura da jornalista alternativa Caroline, mais um fetiche pop em sua vida, trazida ao som de Stereolab para a loja de discos. É uma fantasia final que leva Rob ao clímax do filme. Ele sente a atração, o frio na barriga como diz. E aí chega a cena:

-O que farei agora? Pular de galho em galho pelo resto da vida até não sobrar nenhum? Correr para outra pessoa sempre que sentir aquele frio na barriga, aquele instinto? Desde os meus 14 anos que penso com meus instintos e cheguei à conclusão que meus instintos não sabem de nada!. É mais ou menos assim dublado!


Então ele decide, num singelo bar, pedir Laura em casamento, enquanto toma sua cerveja long neck com limão. Sua explicação sobre as fantasias que não se realizam e sobre a realidade das calcinhas de algodão cria o meu pedido de casamento preferido do cinema. Laura diz "você achou que eu fosse aceitar?", Rob responde "Não sei, eu achei que o importante era pedir" e ela conclui com um "Obrigada". Muito bonita a cena. Eles não casam. Para Laura, mulher moderna e independente, isso bastava. A cena final tem a festa de lançamento do selo Top 5, com Rob de DJ e a performance sensacional de Jack Black, que iria cantar com sua banda trash de rock, e acaba mandando ver de surpresa um "Let's Get It On", do Marvin Gaye (a música do casal protagonista). É só um epílogo divertido, que segue com Rob gravando em sua casa a fita definitiva para Laura ao som de "I Believe (When I Fall In Love It Will Be Forever)" de Stevie Wonder. Porque agora ele sabe como fazer uma fita que deixe Laura feliz. E aí que emociona mesmo, pois penso em todas as fitas que já gravei e nos meus top foras e em tudo que já passei desde que vi esse filme pela primeira vez. Ele continua me ensinando coisas novas a cada revisão, e parece até fazer mais sentido agora, que estou mais velho. Um dia a gente chega lá, e aprende a gravar a fita certa para a pessoa certa. Acho que a moral da história é essa aí. "

Não sei quem escreveu, vi em algum blog. Mas diz tudo que eu diria.:P


Cena do Top 5 das coisas que sinto falta nela


Primeira: o senso de humor, muito seco mas também caloroso. E ela tem o melhor riso de todos. Ela ri com o corpo todo.
Segunda: ela tem caráter, ou pelo menos tinha antes desse pesadelo todo. Ela era leal honesta, e não descarrega sobre os outros quando tem dias maus. Isso é ter caráter.
Terceira: tenho saudades do seu cheiro e do gosto da sua boca. Eu não sei. É o mistério da química humana. Algumas pessoas, no que toca aos sentidos, nos fazem sentir como se estivéssemos em casa..
Quarta: adoro a forma como ela anda. Ela aparenta não se importar com sua aparência. Preocupa-se mas não demonstra, a meu ver, e isso é o seu charme.
Quinta: ela tem um tique quando não consegue dormir. Dá um gemido tímido e esfrega os pés um no outro um número certo de vezes. Isso me mata.

Cena que Jack Black canta Marvin Gaye


Trailer


2 comentários:

  1. Não ví esse filme, mas adoro o John !!
    Meu ídolo teen anos 80!

    Tentarei alugar, ja q nao ví no corujão... rs
    bj

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  2. Nossa,tem muito tempo que vi esse filme, não lembro de tantos detalhes, mas lembro que, na época adorei, achei brilhante. Não soube que passou no corujão!

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