terça-feira, 9 de junho de 2009

Desconfiança


Certa noite, após uma transa, a mulher do Barbosa soltara:
- Nossa amor, foi tão bom. Nem parecia que era você.
O Barbosa, ainda cansado, apenas agradeceu o provável elogio:
- Obrigado baby.
Na manhã seguinte, acordou com uma dúvida martelando a cabeça.

Espera aí, se não fosse eu, quem seria?

Começou a prestar mais atenção na mulher. Principalmente nas poucas vezes que faziam amor, pois ela andava sempre muito cansada, doente e com dores de cabeça:

- Tenho que procurar um médico. Não sei o que são essas dores de cabeça.
- Pois é. Já devia ter procurado – e virava para dormir irritado, em mais uma noite sem sucesso.

Passavam-se os dias. Quando conseguia algo na cama com a mulher, Barbosa notava que ela pedia coisas estranhas, diferentes. Precisava sempre de um estímulo para poder sentir prazer. Pedia para ele chama - lá por nomes vulgares, bater. Um dia, pediu que locassem um filme pornô. Pronto. Foi a gota d´água.

Se ela tinha outro, iria descobrir. Saía sempre pra trabalhar logo após o almoço, religiosamente. Era a única hora que ficava fora de casa. Provavelmente era nessa hora que ela se encontrava com o canalha.

Numa quarta-feira, notou a esposa mais alegre do que de costume, mais saudável. Ela veio servi-lo, colocou o prato na mesa e deu-lhe um beijo:
- Prontinho! Aqui está meu amor.
- Hum, o que foi que houve querida?
-Nada amor. Só estou alegre hoje.
-Opa, quer dizer que à noite a gente vai se divertir? – propôs com aquela cara de safado.
- Amor, eu digo que estou melhor, e você pensa logo nisso. Meu Deus! Quem sabe? Tu não sabes que é de noite que me ataca essas dores. Deve ser o cansaço do trabalho doméstico.
-Claro.

Era hoje. A vagabunda iria se encontrar com o amante, assim que eu fosse pra o trabalho. Por isso estava tão feliz.

Subiu no quarto. Pegou o revólver que escondia numa caixa em cima do armário, colocou na sua bolsa e saiu. Ligou o carro com o pensamento na mulher. Nesse momento a vadia devia estar ligando para o outro. Virou a esquina. Agora, ele já devia estar chegando e estacionando o carro em frente ao prédio. Virou a rua em que trabalhava. Deviam estar se beijando. Não conseguiu sair do carro quando chegou à empresa. Pensou em tirar o revolver da bolsa que estava no banco do passageiro. Hesitou. A cena veio de novo à cabeça: os dois caindo na cama. Um ódio invadiu seus pensamentos. Retirou o revólver e jogou-o no colo. Deu meia volta. Agora, deviam estar tirando a roupa. Chegou à sua rua e estacionou às pressas um pouco longe do prédio. Saiu correndo com a arma na mão, desesperado. Na calçada do prédio esbarrou em uma senhora de bengala e num homem que entrava no carro. Não pediu desculpas, nem parou. Não podia ser ele, não daria tempo. Faziam apenas 20 minutos que saíra de casa. Subiu pelas escadas, pois morava no segundo andar. Deu logo um chute na porta, arrombando-a. A mulher estava na sala e assustou-se com a entrada do marido que erguia loucamente a arma.

-Cadê o filho da puta? Cadê?
-Não tem ninguém aqui amor. O que está acontecendo?
Procurou em toda parte e nada. Ao voltar à sala viu a mulher em lágrimas. Aproximou-se e de joelhos pediu:
- Me perdoa, me perdoa, eu te amo tanto - disse chorando como uma criança.
- Eu te amo querido.
E abraçaram-se.

Lá embaixo, um homem aliviado, agradecia a Deus por ter esquecido alguns filmes pornôs no carro.

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5 comentários:

  1. rsrs... muuito bacana!!

    Parabéns pelo blog! ;)

    Abraço

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  2. hahahaaha!!! Muito boa!! safadinha ela hein?! E o coitado se sentindo culpado... me perdoa... kkkkkk
    Adorei, me prendi nesse conto e estava morrendo de curiosidade.
    Bjsss

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  3. Rs... é... fogo...tô sem palavras...
    Meu lado romântico queria que ele estivesse enganado.
    Meu lado feminista diz que ele certamente mereceu o chifre kkkk
    Meu lado realista diz..é parece que qdo não é um, é o outro...droga! rs
    Adorei, fiquei hipnotizada aguardando o final
    bj

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Isso não me ajuda em nada a confiar nas mulheres hauhauhuauhauhauhuahah

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