sexta-feira, 5 de junho de 2009

Quem não gosta?

Quem não gosta de Luis Fernando Veríssimo? Pois bem, ele é quase uma unanimidade entre os leitores de todas as idades. Lembro-me muito bem de quando o conheci, ainda na infância pelo cólegio. Ali, com livros paradidáticos do tipo Para gostar de ler ( lembra?) que reuniam várias crônicas de autores famosos, comecei a entender o que eram crônicas, e logo veio a paixão por esse gênero.

Livros infantis: O santinho e o vol.7 da coleção Para gostar de ler

Luis Fernando Veríssimo tem um estilo que, segundo ele, é mais voltado para o entretenimento do que para a literatura. O que não é de todo verdade, já que o que ele realmente faz é tornar a literatura menos aborrecida. Entre as características constantes em seus textos, está o bom humor, a descontração em falar de qualquer tema e uma visão sólida e crítica, de quem realmente sabe sobre o que está escrevendo.

Seu estilo é um misto de estilos de poetas, humoristas, cronistas, críticos, jornalistas, desenhistas e músicos. Seus textos possuem todos esses traços, formando uma fórmula imbatível em oferecer o prazer na leitura. Ele trata em todos os seus textos a realidade, o mundo em que vivemos. Passa opiniões precisas, sempre céticas e bem humoradas.

Na televisão criou quadros para o programa "Planeta dos Homens" na Rede Globo, e forneceu material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada no livro homônimo, recentemente lançada em DVD. No cinema, seu personagem, o detetive Ed Mort, foi interpretado pelo ator Paulo Betti, e o roteiro baseado no conto Procurando o Silva.

Ouros livros que já li, e indico:



Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.

Texto de um dos meus livros favoritos dele: O Analista de Bagé

O apito

Tudo o que o Mafra dizia o Tarol duvidava. Eram inseparáveis, mas viviam brigando. O Mafra contava histórias fantásticas e o Tarol fazia aquela cara de conta outra.

— Uma vez...

— Lá vem história.

— Eu nem comecei e você já está duvidando?

— Duvidando não. Não acredito mesmo.

— Mas eu nem contei ainda!

— Então conta.

— Uma vez eu fui num baile só de pernetas e...

— Eu não disse? Eu não disse?

O Mafra às vezes fazia questão de provar as suas histórias para o Tarol. Depois invocava o seu testemunho:

— Tarol, eu sou ou não sou pai-de-santo honorário?

O Tarol relutava, mas confirmava. Mas em seguida arrematava:

— Também, aquele terreiro está aceitando até turista argentino...

Então veio o caso do apito. Um dia, numa roda do bar, o Mafra revelou:

— Tenho um apito de chamar mulher.

— O quê?!

— Um apito de chamar mulher.

Ninguém acreditou. O Tarol chegou a bater com a cabeça na mesa, gemendo:

— Ai, meu Deus! Ai, meu Deus!

— Não quer acreditar, não acredita. Mas tenho.

— Então mostra.

— Não está aqui. Está em casa. Aqui não precisa apito. É só dizer "vem cá".

O Tarol gesticulava para o céu, apelando por justiça. Mais esta, Senhor!

— Um apito de chamar mulher! Era só o que faltava!

Mas aconteceu o seguinte: Mafra e Tarol foram juntos numa viagem (Mafra queria provar ao Tarol que tinha mesmo terras na Amazônia, uma ilha que mudava de lugar conforme as cheias) e o avião caiu em plena selva. Por sorte, ninguém se machucou, todos sobreviveram e depois de uma semana a frutas e água da chuva foram salvos pela FAB. Na volta, cercados pelos amigos do bar, Mafra e Tarol contaram sua aventura. E Mafra, triunfante, pediu para o Tarol:

— Agora, conta do meu apito.

— Conta você — disse Tarol, contrafeito.

— O apito existia ou não existia?

Tarol, chateadíssimo, fez que sim com a cabeça.

— Conta, conta — pediram os outros.

— Foi no quarto ou quinto dia - contou Mafra. - Já sabíamos que ninguém morreria e que o salvamento era só questão de tempo. A FAB já tinha nos localizado. E então, naquela descontração geral, tirei o meu apito do bolso.

— O tal de chamar mulher?

— Exato. Soprei o apito.

— E então?

- Então pimba.

- Apareceram mulheres?

— Coisa de dez, quinze minutos. Três mulheres.

Todos se viraram para o Tarol, incrédulos.

— É verdade?

— É — concedeu o Tarol.

Fez-se um silêncio de puro espanto. Até que o Tarol falou outra vez:

— Mas também, cada bagulho!

8 comentários:

  1. Adooooooooooooro Veríssimo!!!!!!!!!!
    Suas histórias que brincam com situações cotidianas, seu bom humor são perfeitos.
    Ele escreve, mas na verdade, parece que está do nosso lado, conversando.
    Acho que é essa proximidade, a simplicidade das palavras que o faz ser o bam bam bam dos autores do povo brasileiro!
    bom fds

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  2. "Mas também, cada bagulho!" kkkkkkkkkkkkkk Boa essa!
    Eu também adoro Luis Fernando Veríssimo.
    "O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando você muda". (L.F.V.)
    Adorei o post.
    Bjssss

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  3. Aaaaaaah, eu adoro Veríssimo.
    Como você disse, é praticamente uma unanimidade. Um dia quero ser pelo menos parecida com ele *.*'
    Beijoos, e parabéns pelo blog!

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  4. É, Verissimo é tudoooo!
    Mas kd os seus contos?
    Quero ler por aqui tb!

    Bjinhos! =***

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  5. ralmente verissimo é muito bom ler,ele é o maximo

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  6. A gente pode sonhar né? HAHAHA
    Te adicionei nos meus blogs parceiros, viu :D
    E to te seguindo também! Beijos

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  7. veríssimo é o CARA !
    ADORO O ANALISTA DE BAGÉ
    HEHE
    ABRAÇO !

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  8. Dar o braço a torcer? Isto non ecxiste!

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