Luis Fernando Veríssimo tem um estilo que, segundo ele, é mais voltado para o entretenimento do que para a literatura. O que não é de todo verdade, já que o que ele realmente faz é tornar a literatura menos aborrecida. Entre as características constantes em seus textos, está o bom humor, a descontração em falar de qualquer tema e uma visão sólida e crítica, de quem realmente sabe sobre o que está escrevendo.
Seu estilo é um misto de estilos de poetas, humoristas, cronistas, críticos, jornalistas, desenhistas e músicos. Seus textos possuem todos esses traços, formando uma fórmula imbatível em oferecer o prazer na leitura. Ele trata em todos os seus textos a realidade, o mundo em que vivemos. Passa opiniões precisas, sempre céticas e bem humoradas.
Na televisão criou quadros para o programa "Planeta dos Homens" na Rede Globo, e forneceu material para a série "Comédias da Vida Privada", baseada no livro homônimo, recentemente lançada em DVD. No cinema, seu personagem, o detetive Ed Mort, foi interpretado pelo ator Paulo Betti, e o roteiro baseado no conto Procurando o Silva.
Com mais de 60 títulos publicados, é um dos mais populares escritores brasileiros contemporâneos. É filho do também escritor Érico Veríssimo.
Texto de um dos meus livros favoritos dele: O Analista de Bagé
O apito
Tudo o que o Mafra dizia o Tarol duvidava. Eram inseparáveis, mas viviam brigando. O Mafra contava histórias fantásticas e o Tarol fazia aquela cara de conta outra.
— Uma vez...
— Lá vem história.
— Eu nem comecei e você já está duvidando?
— Duvidando não. Não acredito mesmo.
— Mas eu nem contei ainda!
— Então conta.
— Uma vez eu fui num baile só de pernetas e...
— Eu não disse? Eu não disse?
O Mafra às vezes fazia questão de provar as suas histórias para o Tarol. Depois invocava o seu testemunho:
— Tarol, eu sou ou não sou pai-de-santo honorário?
O Tarol relutava, mas confirmava. Mas em seguida arrematava:
— Também, aquele terreiro está aceitando até turista argentino...
Então veio o caso do apito. Um dia, numa roda do bar, o Mafra revelou:
— Tenho um apito de chamar mulher.
— O quê?!
— Um apito de chamar mulher.
Ninguém acreditou. O Tarol chegou a bater com a cabeça na mesa, gemendo:
— Ai, meu Deus! Ai, meu Deus!
— Não quer acreditar, não acredita. Mas tenho.
— Então mostra.
— Não está aqui. Está
O Tarol gesticulava para o céu, apelando por justiça. Mais esta, Senhor!
— Um apito de chamar mulher! Era só o que faltava!
Mas aconteceu o seguinte: Mafra e Tarol foram juntos numa viagem (Mafra queria provar ao Tarol que tinha mesmo terras na Amazônia, uma ilha que mudava de lugar conforme as cheias) e o avião caiu em plena selva. Por sorte, ninguém se machucou, todos sobreviveram e depois de uma semana a frutas e água da chuva foram salvos pela FAB. Na volta, cercados pelos amigos do bar, Mafra e Tarol contaram sua aventura. E Mafra, triunfante, pediu para o Tarol:
— Agora, conta do meu apito.
— Conta você — disse Tarol, contrafeito.
— O apito existia ou não existia?
Tarol, chateadíssimo, fez que sim com a cabeça.
— Conta, conta — pediram os outros.
— Foi no quarto ou quinto dia - contou Mafra. - Já sabíamos que ninguém morreria e que o salvamento era só questão de tempo. A FAB já tinha nos localizado. E então, naquela descontração geral, tirei o meu apito do bolso.
— O tal de chamar mulher?
— Exato. Soprei o apito.
— E então?
- Então pimba.
- Apareceram mulheres?
— Coisa de dez, quinze minutos. Três mulheres.
Todos se viraram para o Tarol, incrédulos.
— É verdade?
— É — concedeu o Tarol.
Fez-se um silêncio de puro espanto. Até que o Tarol falou outra vez:
— Mas também, cada bagulho!
Adooooooooooooro Veríssimo!!!!!!!!!!
ResponderExcluirSuas histórias que brincam com situações cotidianas, seu bom humor são perfeitos.
Ele escreve, mas na verdade, parece que está do nosso lado, conversando.
Acho que é essa proximidade, a simplicidade das palavras que o faz ser o bam bam bam dos autores do povo brasileiro!
bom fds
"Mas também, cada bagulho!" kkkkkkkkkkkkkk Boa essa!
ResponderExcluirEu também adoro Luis Fernando Veríssimo.
"O mundo é como um espelho que devolve a cada pessoa o reflexo de seus próprios pensamentos e seus atos. A maneira como você encara a vida é que faz toda diferença. A vida muda, quando você muda". (L.F.V.)
Adorei o post.
Bjssss
Aaaaaaah, eu adoro Veríssimo.
ResponderExcluirComo você disse, é praticamente uma unanimidade. Um dia quero ser pelo menos parecida com ele *.*'
Beijoos, e parabéns pelo blog!
É, Verissimo é tudoooo!
ResponderExcluirMas kd os seus contos?
Quero ler por aqui tb!
Bjinhos! =***
ralmente verissimo é muito bom ler,ele é o maximo
ResponderExcluirA gente pode sonhar né? HAHAHA
ResponderExcluirTe adicionei nos meus blogs parceiros, viu :D
E to te seguindo também! Beijos
veríssimo é o CARA !
ResponderExcluirADORO O ANALISTA DE BAGÉ
HEHE
ABRAÇO !
Dar o braço a torcer? Isto non ecxiste!
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